Bacana # 10 no ar!
Nação Zumbi
Experiências pioneiras sempre ficam em nossa memória, sobretudo por proporcionar emoções e sensações até então inéditas em nossas mentes e corpos. O primeiro dia de escola, o primeiro beijo, o primeiro namoro, a primeira relação sexual, o primeiro contato com o ídolo da música ou do cinema. Pequenos momentos que, desde então, passam a permanecer congelados na memória e ˆ mais importante ˆ carregar o status de durabilidade eterna no coração.
O primeiro show da Nação Zumbi visto na vida também pode ser incluído no rol das grandes descobertas que mexem profundamente. O ano era 1994, quando as antenas além-mangue começavam a captar os primeiros sinais do manifesto cybercaranguejo que expoentes como Chico Science e Fred Zero Quatro começavam a propagar para o resto do país. O disco de estréia, Da Lama Ao Caos impressionava pela força das canções e pelo ineditismo da proposta musical ˆ fundir guitarras nervosas, grooves dançantes e muito regionalismo, seja no transbordar de referências e expressões locais dos versos ou então na fusão com o maracatu. Entretanto, estava muito longe de reproduzir a fúria que tomava conta dos palcos. Ver Chico e o septeto em ação pela primeira vez foi impactante. O gravão do bater dos tambores, as peripécias das guitarras entre o metal e o viajante, a cozinha que arrastava os pés para dançarem.
Quase dez anos já se passaram. Chico Science morreu em um acidente de automóvel em fevereiro de 1997. Propagado por imprensa e gravadoras como a salvação da música popular brasileira, o manguebit (ou mangue beat, conforme grafia posteriormente utilizada), contudo, estagnou nas vendagens, foi condenado pelas grandes gravadoras e não passou da primeira safra. Rendeu às duas principais formações o status de bandas cult ˆ e, por conseqüência, „marginais‰, daquelas mais comentadas do que propriamente ouvidas e sobretudo comercializadas. E nenhum outro grupo posterior conseguiu se firmar no sempre misterioso mercado fonográfico.
Hoje, a Nação Zumbi conta com seu quinto álbum recém-lançado, o que pode significar um novo levante vindo da lama do mangue. Zero Quatro e seu mundo livre s/a preparam também o quinto disco, desta vez sem o apoio de qualquer selo; artistas como Silvério Pessoa (ex-Cascabulho) e Ortinho (ex-Querosene Jacaré) lançam-se por selos pequenos e tentam, enfim, fazer decolar o que suas antigas bandas não conseguiram; DJ Dolores prossegue expandindo suas fusões no circuito eletrônico; e uma turma chamada Re:Combo defende pela Internet idéias revolucionárias para este novo século ˆ como, por exemplo, o fim dos direitos autorais.
Enquanto uma nova história não é recontada pelos músicos recifenses, a tropa de todos os baques segue em seu caminho. Devidamente incorporada pela Trama (há algum tempo a gravadora independente brasileira de maior prestígio para a música brasileira), a Nação Zumbi volta a surpreender mais uma vez. Seu novo álbum ˆ que leva apenas o nome do grupo, hoje reduzido a seis integrantes fixos ˆ sela o renascimento de uma grande banda, a superação dos momentos difíceis e a confirmação de que ainda há muito caldo para fazer a música brasileira andar para a frente ˆ mesmo que isto não implique necessariamente em discos de ouro pendurados nas paredes.
Quer saber mais sobre o novo álbum da Nação Zumbi? Então seja bem-vindo (a) ao novo mundo da música com o
Bacana.
Dê um pulinho até lá...
www.bacana.art.br
Se gostar, volte sempre e passe adiante esta idéia. O que é Bacana a gente espalha...
Abonico R. Smith
Bacana # 10
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