Bacana # 11
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Monokini
Há quatro décadas, a polarização na música brasileira não era tão somente clara, como também radical ao extremo. Defensores roxos das cores verde e amarela erguiam as dissonâncias e o baixo volume da bossa nova no mais alto pedestal, saíam às ruas em passeata e acusavam impiedosamente a guitarra elétrica de ser o principal fator de americanização e alienação da juventude. Do outro lado, jovens adeptos do rock‚n‚roll embarcavam na carona da onda britânica que varria o planeta (em especial a beatlemania lá fora e a Jovem Guarda no país) e transgrediam as regras de comportamento, vestuário, cabelos e, acima de tudo, patrulhamento ideológico. Se alguém ousasse pensar em combinar bossa e rock estaria correndo o risco de acender o pavio de um grande barril de pólvora carregado pelos ares de protesto e turbulência que pairavam na época.
No final de 2002, depois de ensaiar com um single e algumas participações em coletâneas (no Brasil, Europa e Japão), o Monokini apresenta o ponto de interseção entre a bossa nova e o rock‚n‚roll em seu álbum de estréia ˆ que será lançado pelo selo independente Bizarre Music no dia 8 de novembro. O tempo voou, o idealismo radical dissipou-se feito fumaça e a idéia da fusão tampouco é inédita. Contudo, foi este grupo paulista ˆ e de nome extraído de uma música lançada por Roberto Carlos no início do auge da Jovem Guarda („Eu Sou Fã do Monoquíni‰) ˆ que conseguiu encontrar o equilíbrio exato entre os dois elementos, sem pender para qualquer lado.
Por sinal, o Monokini vai muito além da paixão pela música produzida nos fervilhantes anos pós-guerra (década de 50 e 60). Seria simplismo reduzi-lo a isso. Fabiana Karpinski (vocais), Josmar Madureira (teclados), Marcelo Rodrigues (guitarra), Alan Martinez (baixo) e Marcelo Figueiredo (bateria) fazem questão de deixar claro seu interesse por outros conceitos culturais daquele tempo, como o cinema, o design, a moda e até mesmo a arquitetura.
O nome do disco, Mondo Topless, veio do diretor americano de b movies Russ Meyer. „Nosso álbum é uma homenagem explícita a Meyer e sua forma livre e inovadora de trabalhar. Ele supria com maestria a falta de recursos por criatividade; sempre obtendo ótimos resultados. Penso que esta seja a maior identificação com o trabalho dele. Seus filmes, além de provocativos, são muito divertidos e diversão também é um dos conceitos de nosso disco. Os samples da faixa "Tchuby Tchuba" foram extraídos de seu filme Mondo Topless, lançado em 1966‰, conta Josmar.
Mondo Topless bate tudo isso em um mesmo liquidificador e de lá sai uma poderosa vitamina que, contrariando nostálgicos extremos, recorre a ingredientes do passado para justamente continuar olhando para a frente. A rica sonoridade do Monokini não se restringe a perpetuar a reverência ao que já foi estabelecido. A banda obtém pleno sucesso em seu objetivo de construir uma identidade própria, simultaneamente sofisticada e naïve, tirando o melhor de cada ingrediente e reprocessando-o na máquina do tempo.
Quer saber mais sobre o Monokini? Então seja bem-vindo (a) ao novo mundo da música com o Bacana.
Dê um pulinho até lá...
Bacana
Se gostar, volte sempre e passe adiante esta idéia. O que é Bacana a gente espalha...
Abonico R. Smith
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