segunda-feira, setembro 15, 2003

bem... sobre essa estória de modernismo e pós-modernismo em arte... bem... uma premissa que diversos teóricos, muitas vezes contrários, chegam sobre este último termo é que o pós-modernismo não existe sem o modernismo... seja contra, a favor, meio-termo, etc...

Habermas, em Discurso Filosófico da Modernidade, fala que, antes de entrar em qualquer questão sobre pós-modernidade (ele é contra este termo), necessita saber o que é a modernidade... e quem dá os trâmites gerais da modernidade é Hegel... (e o capítulo sobre Hegel foi a melhor aula que já tive sobre o tal...)

bem... quanto à arte... é quase a mesma coisa... no entanto, quem criou a "teoria da arte moderna" não foi alguém no seu príncipio... mas no seu fim... e esse alguém é Clement Greenberg...

Greenberg faz toda uma teoria da arte moderna... defende como a última instância do modernismo o Expressionismo Abstrato... para esta sua defeza há questões muito além da história... questões que podem ser ideológicas ou mesmo mercadológicas. A sua teoria é totalmente formalista e tende a uma explicação simples da arte. Esta arte é culta... e as formas a levam à pureza... arte é arte, voltado à arte e não se fala mais disso. A questão mercadológica entra quando Greenberg traça uma "tradição de pintura" que pode iniciar em Giotto (artista renascentista), passando por Cezzane e parando em Pollock, este último contemporâneo. Era pós segunda guerra, e os EUA não tinham uma tradição na pintura... era necessário para um mercado demonstrar que algo novo era tradicional... quanto ao novo, isto é com outro crítico de arte, Harold Rosenberg, contemporâneo e oposto a Greenberg)... que defende a Action Painting (o Expressionismo Abstrato de Greenberg) como a primeira arte verdadeiramente "norte-americana", sendo que o fator de autencidade disto é o de o artista se colocar na tela, ou seja, o pintar se transformar numa ação e a pintura não ser somente forma, mas já conter toda a ação/contexto do artista...

Ou seja, as teorias de Greenberg e Rosenberg eram contrárias, contrastantes... um ligava os artistas do Expressionismo Abstrato a uma tradição já consolidada para colocá-los na história, enquanto o outro os ligava há uma possível inovação na arte, talvez um fator novo na história, ou, utilizando de um termo pós-moderno: um novo paradigma.

Acaba que hoje vê-se que ambas teorias têm validade. Greenberg conseguiu ditar o que era o mercado de arte, a ponto de artistas europeus começarem a copiar o "estilo" do expressionismo abstrato... enquanto que Rosenberg foi certeiro quanto a ação na pintura, sendo algo novo e que em alguns anos iria se direcionar para os mais diversos meios artísticos (culminando na performance) e, em fins dos anos 50, já sinalizando para a Pop Art.

Voltando há alguns pontos atrás, para Greenberg a arte é culta, única, livre de qualquer relação, além da forma, com o mundo, que possibilita ao espectador uma trancedência deste mundo mundano... o artista, sendo moderno, tem estilo e habilidade para proporcionar estas "obras de arte". E ele não foi o último crítico formalista... houve outros, na sua sequência, conhecidos como greengerguianos, como Michael Fried e a jovem Rosalin Krauss.

Então, Greenberg, ao delimitar o que é o modernismo, proporcionou há uma abertura para um pós-modernismo... tendo uma grande influência no mercado de arte, ele já fazia indicações de novos expressionistas abstratos, ou seja, continuava criando a tradição. Mas como todos sabem que uma via unilateral pode durar um certo tempo, mas não resiste muito, foi mais ou menos isso que aconteceu... o mundo não era feito somente por expressionistas abstratos... diversas outras pesquisas em artes surgiam nas ruas e nas universidades, e logo, ganhavam espaço, explorando bem o que Greenberg e Cia. deploravam, como o kitsch, a "teatralidade", etc... ou seja, Greenber também deu combustível para um novo paradigma na arte, mesmo sendo contrário...

bem... acho que, por enquanto, é isso... e depois eu volto!

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