a um pouco a mais de um século as coisas começaram a mudar... começaram a aparecer diversos e diversos artistas... proliferar a arte... o que era algo de elite tomou as ruas... literalmente... época do impressionismo... e ainda... homens...
e o que, em geral, sempre foi retratado em pinturas (além, claro, de reis, côrtes, políticos, etc.): mulheres...
portanto, todo o ícone de imagens da mulher... pré-fotografia, foi criado por homens... (o que ainda continua hoje com as 'mulheres-cerveja'!)
mas bem... voltanto à arte... a pouco mais de um século a arte praticamente se popularizou... ou se for pensar como um marxista, se dilui entre classes, ou coisas do tipo... e há apenas 40, 50 anos a mulher teve autonomia na arte. Ou seja, as artistas mulheres só ganharam espaço no mundo/mercado/história da arte a... 30 anos!? E Frida Kahlo era uma excessão na sua época... como o era Tina Modoti?
A questão que é principalmente após fins da década de 50 que a mulher começar realmente a ganhar espaço... pois reinvidicar já o fazia antes... (e o ainda faz até hoje)... mas é na década de 60 que há força... a década da mudança... política, principalmente...
algo extremamente começara a surgir... algo que em muitos níveis ainda não chegou no Brasil... ou seja, a Arte e Política... que na realidade surge a partir do feminismo... Porque a política aqui... não é a política dos políticos profissionais, mas sim do bios politikos (vide Hannah Arendt). Os negros, que também começam a ganhar grande espaço a partir da década de 60, só terão espaço na arte a partir da década de 80.
E é a partir da década de 60 que as mulheres começam a operar algo que pode ser considerado como Arte e Feminismo. Vale lembrar que o feminismo, como pensamento, tem seu início datado a partir da década de 70. Pré-70s, não há um pensamento auto-intitulado Feminista (e sobre isto, vale a pena conferir o seguinte texto: COLLIN; F. Diferença e diferendo: a questão das mulheres na filosofia. In: DUBY, G. PERROY, M. (Org.) História das Mulheres no Ocidente: O século XX. Vol 5. Porto: Afrontamentos, 1991. p. 315-349)
bem... a questão é que ao confrontarem um sistema que sempre fora masculino, as mulheres, na arte, começam a requisitar o que sempre foi seu por direito, ou seja, a imagem feminina. E os novos meios de expressão nas artes visuais, possibilitaram com que as mulheres pudessem tocar temas como corpo, sexualidade, diferença, discriminação de um modo mais preciso e direto. E um desses meios foi (e ainda é) a performance...
Shigeko Kubota
Vagina Painting, 1965
Eu já havia mostrado esse trabalho por aqui... mas não havia dito algo sobre ele. Esta é uma ação ocorrida no festival Perpetual Fluxfest, em Nova York. O nome da ação já diz tudo, claro que a ação deve ter dito muito mais. Mas este é um exemplo de como as mulheres, dentro de um sistema da arte, reividicam sua posição. O método da pintura é praticamente o mesmo de Jackson Pollock (vale lembrar que antes dele praticamente ninguém pintava no chão) ao mesmo tempo que une com as pinturas de Yves Klein, em que ele usava mulheres nuas como pincéis vivos.
O que fica claro aqui, é que não bastou a mulher se inserir num sistema, foi necessário reinvidicar algo que já a pertencia e isto tendo que ser feito partindo de um referencial da história da arte, recobrando o feminino que fora usado anteriormente... para si, agora.
p.s. continuarei na sequência... com mais trabalhos...
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