sexta-feira, maio 23, 2003

e tenho novas fotos da performance abaixo... mas não são digitais... vou ter que scanneá-las... mas ficaram ótimas... muito boas... há diversos momentos que não aparece aí embaixo...

bem... não tenho muito o que falar neste momento... vou publicar, abaixo, a introdução de minha monografia de conclusão de curso, onde um dos trabalhos que falo é a performance Sem título/untitled. Lêem, olhem as fotos e tirem suas conclusões... depois eu publico o capítulo sobre esta performance....

Eu e o Público

No primeiro ano de faculdade, descobri a arte. No terceiro ano, descobri a arte como comunicação.

A comunicação tornou-se o objetivo principal do meu fazer artístico: uma relação entre pensamentos, entre corpos, entre objetos. A comunicação como uma relação contínua entre ação e reação. Sobre este entre, penso muito numa citação de Hannah Arendt: ??o homem é a-político. A política surge no entre-os-homens, portanto, totalmente fora dos homens?.1

A política, de que fala Arendt, é uma política de relação. Quando penso em arte, mas, principalmente, no meu trabalho e processo de criação artística, penso em como transpor o conceito de política de Arendt para a arte. É neste sentido que penso a arte ?entre-os-homens?.

Sinto necessário um meio-termo, busco por um meio-termo. Por isso, durante um processo de amadurecimento, encaminhei-me a pensar sobre o público.
Usar o termo público exige um certo cuidado, como retrata Jürgen Habermas:

Chamamos de ?públicos? certos eventos quando eles, em contraposição às sociedades fechadas, são acessíveis a qualquer um ? assim como falamos de locais públicos ou de casas públicas. Mas já falar de ?prédios públicos? não significa apenas que todos têm acesso a eles; eles nem sequer precisam estar liberados à frequentação pública; eles simplesmente abrigam instituições do Estado e, como tais, são públicos. (?) A palavra já tem um outro significado quando se fala de uma ?recepção pública?; em tais ocasiões, desenvolve-se uma força de representação, em cuja ?natureza pública? logo entra alguma coisa de reconhecimento público. A significação também se desloca quando dizemos que alguém alcançou renome público; o caráter público do renome ou até da fama se origina de outras épocas que não as da ?boa sociedade?. 2


E, citando Elizabeth Young-Bruehl, sobre a filosofia política de Hannah Arendt:

Os homens podem laborar ou trabalhar na solidão mas, se o fazem, não percebem suas qualidades especificamente ?humanas?; eles são como as bestas de carga ou como demiurgos divinos. Os homens não podem, por outro lado, agir na solidão. A pluralidade é o ?sine qua non? da ação. A ação é dependente da presença constante de outros, requer um espaço público.3


Quando penso em público, imagino um público plural, em uma relação entre-a-arte-e-os-homens. Em todos os segmentos de uma sociedade podem haver pessoas abertas a uma relação com a arte, seja qual for a sua forma. Pela minha experiência de vida, pude constatar isso, através do contato com pessoas que não pertencem ao ?mundo da arte? e de minha atividade como DJ, que, desde 1998, proporciona-me uma vivência da comunicação e de fruição pelo público de modo mais abrangente.



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