quinta-feira, setembro 02, 2004

comecei um comentário no blog da Mary e resolvi transportar para cá... uma porque lá não dá para escrever muito... e outra porque estava virando um post mesmo...

Pollock é um caso clássico do gênio artístico não intelectualizado. Extremamente instintivo, ele consegue quebrar paradigmas sem necessitar 'estudar'. Não precisa. E quem adora isso são os críticos de arte, até hoje. Muitos críticos odeiam artistas que falam, que criam teorias etc, pois simplesmente acham que esse é o papel do crítico. Um pensamento meio retrógrado não!? O artista pode ser intelectual, também!

Pois bem, voltando ao assunto... No caso do Pollock ouve uma guerra clássica: Greenberg x Rosenberg... havia algo novo, uma real pintura norte-americana, incompreendida pelo grande público.. foi uma guerra de termos e quase possessões. Greenberg foi um crítico formalista... o formalismo era o seu terreno. O discurso dele é ligado as formas, ele trata de colocar o Pollock como continuação de uma tradição da pintura que vem desde Giotto passa por Cezzane e culmina em Pollock. Deve se ter em mente que havia um mercado próspero de arte e o crítico era o responsável por essa junção. Artista, mercado, público. Pollock era "a menina dos olhos" de Greenberg... e este crítico fez escola, presente até hoje.

Já Rosenberg trilhou outro caminho da crítica, ele não ligava os artistas do Expressionismo abstrato a uma tradição. Pelo contrário, ele dizia que esses eram os primeiros artistas norte-americanos realmente, ou seja, eles tinham algo de inovador. A inovação era a action painting, ou seja, de colocar dentro da pintura a ação de pintar, de se introduzir na pintura. Mas Rosenberg falou mais sobre De Kooning e na década de 50 já indicava a ascensão dos artistas da Pop Art...

Quanto a esse tema e diversos outros, eu sempre falo do livro Modernismo em Disputa, que foi lançado no Brasil pela Cosac & Naif. Para mim este é o melhor livro sobre a história da arte contemporânea, por começar na década de 30. Da depressão, da verba do governo norte-americano para patrocinar uma arte/cultura voltada a uma reconstrução do espírito norte-americano, o Pollock figurativo, Vanguarda e Kitsch do Greenberg e sua posição mais a esquerda... e como tudo isso, depois da 2a. Guerra mudou, ele mais voltado para a direita, as brigas dos críticos, a Pop Art, o Minimalismo, a briga de Michael Fried com Donald Judd (crítico x artista intelectual), a Land Art, toda onda contra a guerra do Vietnam, arte conceitual, e praticamente o livro culmina com o fim da década de 80. Todo o livro percorre uma linha sociológica, proporcionando uma excelente riqueza em termos de fatos e contexto, assim como as teorias vigentes.

Nenhum comentário: