segunda-feira, agosto 23, 2004

A Performance Art ainda sofre de um grande problema, que o falecido Renato Cohen* já havia indicado na década de 80. A falta de informação, conhecimento e uma certa profundidade na linguagem performance e no modo de criação. Quando falo em Performance Art, refiro-me, principalmente, a performance ligada às artes visuais, que é a minha área.

O que eu vejo muito, por aqui e por aí, são artistas que têm uma idéia (quando não vaga idéia) de uma ação e fazem "uma performance". Deixando claro que qualquer artista pode fazer uma performance. Obviamente, isso é um erro. Mas em geral, não parece.

A criação em performance, é criação, antes de mais nada. Criar uma performance é como criar uma pintura ou uma escultura. Há um processo intelectual, experimental, conceitual. E tudo isto envolve a compreensão da linguagem performance. O estudo do meio performance art.

No entanto, é visível que não há uma preocupação ao criar uma performance do mesmo modo que seria uma pintura. O contato com a performance art e criação, exploração deste meio, é praticamente um método auto-didata. Com um certo apoio, assim que me direcionei a este meio. Mas tive a preocupação de estudar, tanto história quanto teoria. Procurar livros, textos, imagem. Saber o que foi e o que é, para realmente começar a criar performance.

E em geral, o que sinto, é a ausência de um real conhecimento do que este meio artístico pode proporcionar e alcançar. Pois em grande parte das performances que tenho visto, é perceptível que o artista não tem conhecimento do potencial deste meio, de que a performance possibilita a união de processo e obra final, que ela parte de uma linguagem mas atinge o nível da comunicação direta, poiética e estética, consciente e inconsciente, conceitual e experimental, o intelectual e o sensível... ou seja, a performance atinge os mais variados níveis da compreensão humana... e isso, pouco se vê!

* O Renato Cohen a que me refiro não é o DJ, mas o diretor de teatro e principal teórico brasileiro sobre performance, que faleceu no ano passado, de um ataque fulminante de coração.

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