segunda-feira, agosto 30, 2004

bem, pensando sobre performance... falando um pouco sobre o problema na criação em performance... na analogia entre criação em pintura e performance... muitos pintores auto-ditadas, que têm uma pintura simples, praticamente ingênua, são considerados naïfs...

quantas performances naïfs não existe por aí?

gostei do termo, vou começar a usar!

segunda-feira, agosto 23, 2004

A Performance Art ainda sofre de um grande problema, que o falecido Renato Cohen* já havia indicado na década de 80. A falta de informação, conhecimento e uma certa profundidade na linguagem performance e no modo de criação. Quando falo em Performance Art, refiro-me, principalmente, a performance ligada às artes visuais, que é a minha área.

O que eu vejo muito, por aqui e por aí, são artistas que têm uma idéia (quando não vaga idéia) de uma ação e fazem "uma performance". Deixando claro que qualquer artista pode fazer uma performance. Obviamente, isso é um erro. Mas em geral, não parece.

A criação em performance, é criação, antes de mais nada. Criar uma performance é como criar uma pintura ou uma escultura. Há um processo intelectual, experimental, conceitual. E tudo isto envolve a compreensão da linguagem performance. O estudo do meio performance art.

No entanto, é visível que não há uma preocupação ao criar uma performance do mesmo modo que seria uma pintura. O contato com a performance art e criação, exploração deste meio, é praticamente um método auto-didata. Com um certo apoio, assim que me direcionei a este meio. Mas tive a preocupação de estudar, tanto história quanto teoria. Procurar livros, textos, imagem. Saber o que foi e o que é, para realmente começar a criar performance.

E em geral, o que sinto, é a ausência de um real conhecimento do que este meio artístico pode proporcionar e alcançar. Pois em grande parte das performances que tenho visto, é perceptível que o artista não tem conhecimento do potencial deste meio, de que a performance possibilita a união de processo e obra final, que ela parte de uma linguagem mas atinge o nível da comunicação direta, poiética e estética, consciente e inconsciente, conceitual e experimental, o intelectual e o sensível... ou seja, a performance atinge os mais variados níveis da compreensão humana... e isso, pouco se vê!

* O Renato Cohen a que me refiro não é o DJ, mas o diretor de teatro e principal teórico brasileiro sobre performance, que faleceu no ano passado, de um ataque fulminante de coração.

quarta-feira, agosto 11, 2004

e esse fim-de-semana promete...

vou tocar no projeto Vibrate, a partir das 00h00, no Nico - R. João Negrão, 45 (junto da Pça. Santos Andrade), na sexta... e no sábado vou tocar no Rancho Mattei Manzi, na Bacardi BPM as 22h30 e depois da meia-noite, no Nico novamente, mas no projeto Bomb the Basement, no qual eu sou um dos residentes...

e logo vou botar isso aqui para funcionar... pois ando estudando... e agora tenho que escrever...

sexta-feira, agosto 06, 2004



E ontem abriu a Continuum... mostra internacional de arte digital, no Moinho Rebouças... e o evento continua hoje e amanhã, das 20 as 23 horas.

e eu fiquei responsável pela música eletrônica, discotecando no lugar. Saíram duas matérias na Gazeta do Povo, uma domingo e outra ontem. Na de domingo, sobre minha pessoa, estava descrita bem assim: "músico e artista plástico, DJ, performer e pau-pra-toda-obra Fernando Ribeiro". E pode!? pode!

A questão é que eu somente iria me apresentar como DJ, mas numa visita durante a tarde, fiquei sabendo que estavam perguntando se eu iria apresentar uma performance. E acabei apresentando! A "Eu e o Público", pela quinta vez.

O bom de performance é que é processo, na hora. Por mais que eu apresente novamente, nunca vai ser a mesma coisa, mudança de espaço, público, horário, temperatura, umidade, etc... Acaba que performance é, de certo modo, um objeto único, por uma certa duração de tempo. Até o momento esse foi o maior espaço em que apresentei tal performance. E isso me lembrou do projeto de apresentar essa mesma performance no pátio central do Conjunto Nacional, na Paulista, que ano passado não foi para frente porque pintou o MIP. Quem sabe ainda esse ano!?

Talvez hoje eu apresente novamente esta performance... amanhã é mais provável.

terça-feira, agosto 03, 2004

Faz uns 2 anos e meio que eu comecei a andar pelo meio de música eletrônica curitibano. Uma experiência nova que agora vai se transformando em velha... na realidade pouca coisa muda dentre os outros meios que andei. Mas tem uma coisa que anda me incomodando, principalmente lendo fóruns sobre o assunto: a mitificação.

Olha, acho que desde a década de 80 não vejo tanta mitificação, deusificação, quanto era a dos Supers Stars... lembram disso!? Hoje, na música eletrônica em Curitiba, é quanto aos DJs. Se você falar mal de um desses DJs Mitos, prepare-se para ser apedrejado em praça pública, escurraçado, por mais que você tenha razão. E o mais divertido é que esses DJs Mitos muitas vezes estão longe dessa realidade da mitificação, não ajudaram diretamente para que isso acontecesse.

Creio que isto seja um certo tipo de fundamentalismo cultural, onde as pessoas são inseridas dentro de um contexto com conceitos de verdade já impostos. É muito parecido com algo do tipo talibã, ou mesmo qualquer extremo, seja de direita, esquerda, etc... Há quase uma religião fundamentalista atrás de alguns DJs...

Fato engraçado no meio eletrônico curitibano: muito se fala... e somente se fala. Quer dizer... pensando bem não é só no meio eletrônico não. Em Curitiba tudo é publicidade, no sentido de estar e ser visto no público. Ou seja, se você fala que faz ou mesmo se você fala e fala e fala... não precisa fazer, isso já basta. Numa discussão sobre qual DJ que o 'povo' quer ver aqui em Curitiba, além dos DJs-Mitos outros não, surge um nome curioso, o Julião. DJ do underground paulista, até a pouco tempo atrás só se ouvia uma pessoa clamar por seu nome aqui na cidade. Sim, ele ainda não é um DJ-mito. Pode ser e creio que para ele não vai fazer nenhuma diferença. Mas a questão é que o povo 'clama' por Julião... ele tem que vir... o impressionante é que recentemente ele veio... faz uns 2 meses, e desse povo se apareceu 1 ou 2, foi muito, pois o público da noite foram de 6 pessoas.

A dúvida que surge, já que este fenômeno é algo recente, os DJ-Mitos conseguem carregar o povo!? Pois o povo fala, mas não se sabe a garantia de sua presença...